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Manaus chora mais uma vida perdida. Geovana Ribeiro da Silva, 29 anos, grávida de sete meses, morreu de forma brutal após cair da motocicleta pilotada por seu marido, João Vitor Jardim Silva, ao desviar de um buraco na Avenida Djalma Batista, uma das vias mais importantes da cidade. A tragédia, além de comover, escancara uma ferida antiga e infeccionada: o abandono crônico da infraestrutura urbana da capital amazonense.

Os buracos em Manaus já fazem parte da paisagem. Eles são tantos que, por vezes, parecem ter sido incluídos no planejamento urbano como “obstáculos naturais”. Mas não se engane: cada buraco é um retrato escancarado da má gestão. Cada pneu estourado, cada suspensão quebrada, cada vida interrompida, como a de Geovana, tem assinatura. E ela atende pelo nome de David Almeida.

Enquanto motoristas fazem malabarismos para não caírem em crateras que desafiam a física, o prefeito segue preocupado com sua agenda de shows. Manaus virou palco, literalmente, do “pão e circo” institucionalizado. O entretenimento, claro, é importante, mas só quando precedido do básico. Uma cidade que não oferece ruas seguras, saúde eficaz e serviços essenciais funcionando não deveria estar patrocinando mega festas com dinheiro público.

A morte de Geovana não foi um acidente isolado. Foi consequência. E antes que algum assessor apressado diga que “choveu demais”, que “foi uma fatalidade” ou que “as obras estão em andamento”, vale lembrar: gestão pública é responsabilidade, não desculpa. Não é possível aceitar que em pleno 2025, uma cidade como Manaus ainda trate a pavimentação de suas ruas como luxo, e não como o que é, obrigação mínima.

Mas o prefeito não está sozinho nesse teatro de omissões. A Câmara Municipal de Manaus, que deveria ser o freio dos abusos e o farol da fiscalização, se comporta como plateia cativa. A maioria dos vereadores prefere a conivência ao confronto, a bajulação ao debate. A missão de fiscalizar virou item decorativo no regimento interno, usada apenas em discursos vazios.

A cidade está estourada, literalmente. E enquanto os buracos crescem, a confiança do cidadão encolhe. O custo de viver em Manaus vai além da gasolina e do IPTU: é o preço de lidar diariamente com a omissão, com a negligência e com o descaso disfarçado de gestão moderna.

David Almeida, seus buracos não são invisíveis. Eles têm nome, têm localização e agora têm uma tragédia gravada na memória de uma família e na consciência coletiva de uma cidade inteira.

A pergunta que fica: quantas Geovanas mais precisarão morrer para que algo de fato seja feito?

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