O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou nesta quinta-feira (6) que o governo federal vai zerar a alíquota de importação para diversos produtos da cesta básica, como carne, café, azeite, milho e açúcar, além de ampliar a isenção para itens essenciais. As medidas têm como objetivo reduzir a alta no preço dos alimentos, que se tornou um dos principais fatores de perda de popularidade do presidente Lula, conforme dados de pesquisas recentes.
Entre os produtos afetados pela mudança, destaca-se a carne, que atualmente tem uma alíquota de 10,8%, e o café, com tributação de 9%. A decisão foi tomada após reuniões entre o presidente Lula e seus ministros, e discussões com representantes de entidades do setor alimentício, como a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), e a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
“Esse conjunto de medidas vai ter sim um resultado importante. É necessário destacar que, no ano passado, tivemos uma grande queda nos preços dos alimentos, mas depois houve um aumento motivado por uma seca excepcional e pelo dólar. A expectativa é de que, com um bom ano climático, os preços se estabilizem”, afirmou Alckmin.
A medida vem como resposta às críticas do presidente, que, na primeira reunião ministerial do ano, cobrou ações concretas para conter o aumento dos preços dos alimentos. Lula destacou que, a partir daquele momento, o lema de seu governo seria “união, reconstrução e comida barata na mesa do trabalhador”. O presidente também revelou que tem uma “obsessão por comida barata”, e que o governo trabalharia para tornar os alimentos mais acessíveis à população.
Nas últimas semanas, o governo também avaliou a possibilidade de zerar o imposto de importação sobre o trigo, um movimento que poderia ajudar a reduzir o preço dos alimentos, especialmente o pão, principal item da alimentação da população. Além disso, a medida de zerar a alíquota do óleo comestível, que atualmente incide sobre produtos como óleo de soja, girassol, milho e canola, também foi analisada.
Apesar da expectativa de que tais medidas tenham impacto sobre a inflação, interlocutores do governo consideram que, mesmo que os efeitos diretos sejam limitados, as ações oferecem um sinal político de que o governo está tomando medidas para combater a alta nos preços, enquanto a administração busca alternativas para aliviar a pressão sobre o orçamento familiar.
Essas medidas, que têm o objetivo de beneficiar os consumidores, seguem uma prática adotada em gestões anteriores, como as de Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro e até do próprio presidente Lula, que, em situações econômicas adversas, tomaram decisões similares para controlar a inflação e garantir o acesso à alimentação no país.