O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o CEO do X, Elon Musk, exigiram nesta quinta-feira (13) que a Reuters devolva imediatamente US$ 9 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões) recebidos em um contrato com o Pentágono, firmado durante o primeiro mandato de Trump em 2018.
A acusação de Trump, feita em sua rede social Truth, é de que a agência, chamada por ele de “Reuters radical de esquerda”, teria sido paga para promover o que ele chamou de “fraude social em larga escala”, embora não tenha explicado o que isso significa.
“Devolvam o dinheiro aos contribuintes agora!”, escreveu Trump em letras maiúsculas, reforçando o tom de sua denúncia.
Elon Musk, por sua vez, também atacou a Reuters em sua rede social X, na noite de quarta-feira (12), questionando a agência sobre os pagamentos recebidos. “A Reuters foi paga com milhões de dólares pelo governo dos EUA para ‘fraude social em larga escala’. Isso é literalmente o que diz na fatura! Eles são uma fraude total. Simplesmente wow”, escreveu Musk, compartilhando uma imagem do contrato do governo com a Thomson Reuters Special Services, divisão contratada para esse serviço.
A Reuters, por meio de uma nota à Bloomberg, explicou que a divisão mencionada, Thomson Reuters Special Services, é responsável por negócios de defesa e não tem vínculo com a área de produção de notícias. A agência ressaltou que as acusações de Trump e Musk tentam confundir o público sobre a verdadeira natureza do contrato.
O termo “fraude social em larga escala” (LSD, em inglês) utilizado no contrato refere-se ao desenvolvimento de sistemas para combater fraudes, ataques cibernéticos e gerenciamento de risco em sistemas eletrônicos. A empresa enfatizou que não há relação com jornalismo ou práticas de manipulação de notícias.
Elon Musk, nomeado por Trump para liderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge), também aproveitou o ataque à Reuters para criticar uma reportagem publicada pela agência, que sugeria que a maior parte dos cortes propostos pelo Doge eram motivados por ideologia, e não por uma análise técnica de economia de recursos.
Além da Reuters, Trump também acusou outros veículos de imprensa de receber pagamentos indevidos. O ex-presidente questionou se o site Politico estaria sendo financiado com milhões de dólares sem oferecer um serviço em troca e sugeriu que esses pagamentos poderiam ser usados para “comprar a imprensa”. O presidente do site Politico teria recebido aproximadamente R$ 8 milhões, conforme informações de um sistema de acompanhamento de despesas públicas. Trump também exigiu que esses valores fossem devolvidos aos contribuintes.
Em resposta, a Casa Branca, através de sua secretária de Imprensa Karoline Leavitt, informou que os pagamentos ao Politico, que ultrapassam US$ 8 milhões, não seriam mais destinados à agência, e que a equipe do Doge estava trabalhando para cancelar tais contratos.
O governo de Trump também esteve envolvido em outro atrito com a imprensa, quando, na terça-feira (11), a Casa Branca impediu a Associated Press (AP) de cobrir um evento no Salão Oval após a agência se recusar a alterar seu manual de redação, que se referia ao Golfo do México de forma tradicional, ao invés de chamá-lo de “golfo da América”, como solicitado pelo governo.