Parlamentares do PT expressaram preocupações sobre possíveis “ruídos” nas relações diplomáticas do Brasil, incluindo com o Supremo Tribunal Federal (STF), caso o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) seja indicado para presidir a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara.
Deputados petistas apontam, por exemplo, o recente pedido de Eduardo Bolsonaro a autoridades dos EUA para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, como um fator que poderia agravar a relação com o STF. Existe uma tentativa de sensibilizar a cúpula da Câmara e líderes do centrão para evitar a escolha do parlamentar. No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou que a situação possa gerar uma crise com o STF, afirmando que a distribuição das comissões é regida por uma praxe regimental, sem interferência do presidente.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a indicação de Eduardo Bolsonaro ao cargo é irreversível, já que o próprio Jair Bolsonaro teria solicitado sua nomeação. O PL, sendo a maior bancada da Câmara, tem prioridade na distribuição das comissões, e Eduardo, atual secretário de relações internacionais do partido, mantém fortes laços com líderes da direita mundial.
Petistas temem que a presidência de Eduardo Bolsonaro na comissão prejudique o governo Lula, especialmente no momento em que o ex-presidente brasileiro é julgado pelo STF e o Brasil se prepara para sediar a COP30. Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT, considerou a escolha de Eduardo uma “provocação” ao STF e um “ataque às instituições brasileiras.”
Por outro lado, o PSOL e membros do centrão também expressaram preocupação sobre a indicação de Eduardo para o cargo. A líder do PSOL, Talíria Petrone (RJ), destacou que a figura de Eduardo Bolsonaro não ajuda a consensuar a Casa. A expectativa é que haja negociações para que outro nome do PL seja escolhido, apesar de a decisão caber ao partido.
O governo, por sua vez, reafirmou que não interfere na composição das comissões, uma vez que essa responsabilidade cabe às bancadas. Entretanto, o PT acionou o STF pedindo a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro, alegando que o deputado cometeu crimes contra a soberania do Brasil em suas ações nos EUA.
Bolsonaristas reagiram nas redes sociais contra essa medida, acusando o PT de perseguição política com o objetivo de dificultar a ascensão de Eduardo à presidência da Comissão de Relações Exteriores.