O magnata das criptomoedas Sam Bankman-Fried foi preso na segunda-feira (12) nas Bahamas, informaram as autoridades americanas que buscam responsabilizá-lo criminalmente pelo colapso da plataforma de criptomoedas FTX, enquanto os reguladores de Wall Street o acusaram, nesta terça (13), de fraudar investidores.
“Daremos mais informações sobre a acusação” esta manhã, anunciou no Twitter o promotor Damian Williams, sem especificar a natureza das acusações.
No início desta terça-feira, porém, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), que regula o mercado financeiro americano, acusou o homem de liderar um sistema para fraudar investidores.
“Afirmamos que Sam Bankman-Fried construiu um castelo de cartas baseado em fraude, sinalizando aos investidores que era um dos sistemas de criptomoedas mais seguros do mercado”, declarou em comunicado o presidente da SEC, Gary Gensler.
Bankman-Fried fez diversas aparições na mídia no último mês, apesar do risco de ser processado por fraude após a quebra da empresa, avaliada em US$ 32 bilhões.
O procurador-geral das Bahamas, Ryan Pinder, informou em um comunicado que os Estados Unidos “apresentaram uma denúncia” contra o homem de 30 anos e “provavelmente solicitarão sua extradição.”
Os dois países “têm interesse em responsabilizar as pessoas ligadas à FTX que fraudaram o público ou violaram a lei”, disse Philip Davis, primeiro-ministro do país caribenho.
Ele acrescentou que as Bahamas conduzirão sua própria “investigação criminal sobre o colapso da FTX”.
– ‘Inexperientes e desinformados’ –
Nos Estados Unidos, “se for condenado por fraude, ele pode passar o resto da vida na prisão”, disse Jacob Frenkel, da consultoria Dickinson Wright.
“Não haveria acusação se os promotores não estivessem absolutamente convencidos de que conseguirão uma condenação”, acrescentou o especialista em investigações federais e que já trabalhou para a SEC.
Esperava-se que Sam Bankman-Fried testemunhasse perante um comitê da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos nesta terça-feira, juntamente com John Ray, o novo diretor da FTX.
Os ex-executivos da plataforma demonstraram um “fracasso total” em todos os níveis de controle, gastando sem limites o dinheiro de seus clientes, acusou John Ray, em documento divulgado na segunda.
À primeira vista, “o colapso da FTX parece ser o resultado da concentração absoluta de controle nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos inexperientes, desinformados e possivelmente corruptos, que não colocaram nenhum sistema de controle em uma empresa à qual dinheiro e bens de outras pessoas são confiados”, destacou.
Considerada uma das principais plataformas de negociação de criptomoedas do mundo, a FTX interrompeu repentinamente a devolução do dinheiro depositado por seus clientes no início de novembro. O grupo entrou com pedido de proteção da lei de falências em 11 de novembro.
“Nunca tentei fraudar ninguém”, assegurou Bankman-Fried no final de novembro em uma conferência organizada pelo New York Times. “Claramente cometi muitos erros e daria tudo para poder corrigir algumas coisas”, disse.
O ex-chefe da FTX optou por dar várias entrevistas e fazer declarações no Twitter, apesar da gravidade das acusações contra ele.
– Gastos desenfreados –
“Foi uma estratégia muito arriscada”, comentou Jacob Frenkel.
A investigação já mostrou que ativos depositados por clientes da FTX foram colocados na empresa de investimentos em criptomoedas Alameda, também fundada por Sam Bankman-Fried.
Essa utilização dos fundos configuraria fraude se for comprovado que violava os termos do acordo entre a FTX e seus clientes, avaliam juristas.
A FTX também esteve sob um “frenesi de gastos” a partir do final de 2021, com cerca de US$ 5 bilhões em empresas e investimentos, de acordo com John Ray.
A plataforma também desembolsou mais de US$ 1 bilhão em empréstimos ou pagamentos para pessoas dentro da empresa.
Para o novo gestor, que já supervisionou vários processos de falência, incluindo o da gigante energética Enron, o objetivo agora é “maximizar o valor” dos ativos que a FTX ainda possui para, na medida do possível, reembolsar clientes e credores do grupo.