São Paulo, 19/10/2023 — O chefe da missão diplomática da Liga Árabe no Brasil, Qais Marouf Kheiro Shqair, é esperado na abertura do Global Halal Brazil Business Forum, no próximo 23 de outubro, segunda-feira, a partir das 9 horas, em São Paulo (SP). A cerimônia também deve ter a presença do vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin (PSB), que lerá uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Farão participações por vídeo os ministros de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Educação, Camilo Santana (PDT). O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, é esperado no dia seguinte, 24 de outubro, terça-feira, no encerramento do fórum, por volta das 12:30. O Global Halal Brazil Business Forum será realizado no WTC Events Center, zona sul de São Paulo. O evento terá transmissão pelo canal Câmara Árabe TV, no YouTube, e pelo Zoom (inscrição aqui), com tradução simultânea para português e inglês nos espaços.

Tarcísio Freitas (Republicanos), governador do Estado de São Paulo, e Ricardo Nunes (MDB), prefeito da cidade de São Paulo, também estão entre as autoridades esperadas para a abertura. São esperados, ainda, o vice-decano do Conselho de Embaixadores Islâmicos, Nabil Adghoghi (embaixador do Marrocos no Brasil), o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Osmar Chohfi, o presidente da certificadora FAMBRAS Halal, Mohamed Zoghbi, além do secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, Youssef Kalawi

O evento também deve reunir representantes de empresas com operações relevantes em mercados islâmicos. Às 10:10 da manhã do dia 23, Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de mercado internacional e planejamento da BRF, deve recontar a trajetória da empresa no mundo muçulmano. Um pouco mais tarde, às 11:40 do mesmo dia, João Campos, CEO da Seara Alimentos, deve abordar a estratégia de sustentabilidade do grupo, assim como o faz pouco depois, mas na perspectiva de sua empresa, Leonel Almeida, gerente de Pecuária Sustentável da Marfrig.

Realizado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e a FAMBRAS Halal, o Global Halal Brasil Business Forum em sua segunda edição já é o principal espaço de debate sobre as oportunidades existentes no mercado de consumo muçulmano, que engloba 1,9 bilhão de pessoas, quase ¼ da população mundial. Esse imenso contingente de pessoas movimentou em 2021 cerca de US$ 2 trilhões nos segmentos da economia real, no caso alimentação, fármacos, cosméticos, moda, entretenimento e turismo, montante este que deve avançar para US$ 2,8 trilhões em 2025, segundo o The State of Islamic Economy Report 2022. 

O Brasil já tem uma participação importante neste mercado, especialmente no segmento de alimentos. Segundo dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em 2022, país exportou US$ 23,41 bilhões em alimentos e bebidas para os 57 países de maioria muçulmana da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), consolidando a liderança no fornecimento de gêneros alimentícios ao bloco, à frente de países como Estados Unidos, Indonésia, Turquia, Austrália e China, que contam com indústrias alimentícias competitivas e também especializadas em mercados islâmicos.

Embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara Árabe-Brasileira, que foi secretário-geral do Itamaraty, chefiou embaixadas na Espanha e no Equador, além da missão brasileira na Organização dos Estados Americanos, lembra que o Brasil se inseriu nesse mercado um tanto por acaso. No fim da década de 1970, na esteira da Crise do Petróleo, o país começou a trocar frango por combustível fóssil com a Arábia Saudita, tendo seu primeiro contato efetivo com um mercado islâmico e suas particularidades, como a necessidade de que os gêneros alimentícios fossem produzidos em respeito às tradições do islã. 

De lá para cá, o Brasil constituiu uma indústria de proteína animal altamente competitiva e especializada, capaz de exportar de 30% a 40% da produção total de derivados de aves e bovinos para países islâmicos com certificação halal, selo que atesta produção conforme à tradição islâmica de criação, rito de abate e processamento animal. Com o tempo o país se tornou o maior exportador mundial de proteína halal e ganhou espaços adicionais importantes nos segmentos de grãos, cereais, café, açúcar, frutas e outros alimentos básicos.

Para Chohfi, no entanto, embora o atual comércio seja expressivo, ainda há o desafio de diversificar a pauta de exportações e ampliar a participação de itens de valor agregado, sobretudo alimentos industrializados, onde há espaço para crescer. Segundo o ex-diplomata, embora o Brasil já seja o principal fornecedor de alimentos da OCI, o país responde por apenas 10% das compras externas do bloco, fornecendo essencialmente granéis agropecuários.

“O avanço do comércio de alimentos entre o Brasil e o mundo muçulmano passa por uma estratégia conjunta de governo e setor privado para posicionar o produto brasileiro em mercados muçulmanos e ampliar a oferta de gêneros alimentícios com certificação halal, ou seja, de produção conforme às tradições do consumidor muçulmano, exigido na maioria dos países da OCI, sobretudo dos itens de valor agregado, como os alimentos industrializados, que demandam insumos de diferentes cadeias”, defende o ex-diplomata. 

Uma das iniciativas de promoção do halal brasileiro no exterior é o Projeto Halal do Brasil, realizado conjuntamente pela Câmara Árabe-Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). No fórum, Chohfi pretende atualizar os resultados já alcançados pelo projeto, que desde o ano passado vem promovendo ações para dar visibilidade ao alimento brasileiro halal em feiras especializadas no exterior, além de estimular empresas a adotarem a primeira certificação para seus produtos. 

Para Mohamed Zoghbi, presidente da FAMBRAS Halal, as indústrias ainda precisam conhecer o potencial do mercado islâmico. “O Brasil é um país de minoria islâmica, muitos não sabem o que é o halal.  Uma das nossas missões como pioneiros neste mercado é compartilhar conhecimento. Países islâmicos buscam marcas transparentes, que ofereçam produtos seguros e de qualidade, além de tratar consumidores e meio ambiente com respeito, e as empresas brasileiras têm condições de corresponder a essas expectativas”.

A programação do evento prevê rodadas de negócios entre compradores trazidos de países muçulmanos e empresas brasileiras participantes do Halal do Brasil, já certificadas ou aptas a exportar. A expectativa é que a interação resulte em negócios diretos ou iniciem aproximações que se convertam em vendas futuras. Os compradores também farão visitas a empresas pré-selecionadas pela Câmara Árabe interessadas em iniciar vendas para mercados islâmicos

Câmara Árabe e FAMBRAS Halal também devem fechar convênios de estímulo à produção de bens e serviços halal com os governos de São Paulo, Rondônia, Tocantins e com o Consórcio de Estados Nordestinos. A programação reserva o Congresso Técnico-Científico Halal (CTec Halal), primeiro evento do gênero na América Latina, da International Halal Academy, entidade de formação, treinamento, qualificação e capacitação continuada no segmento halal. 

Fazem parte da programação a apresentação de 10 trabalhos técnico-científicos sobre halal e o “Curso de Capacitação em Turismo Halal”, no qual os participantes aprenderão sobre práticas, ética e atendimento ao viajante muçulmano, realizado em parceria com a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo. 

O Global Halal Brazil Business Forum tem o patrocínio de BRF, Marfrig, Minerva Foods, Laila Travel, Turkish Airlines e Embratur. É realizado em parceria com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, União das Câmaras Árabes, com apoio da Halal Academy.

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Informações à Imprensa

Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
Daniel Medeiros | [email protected] | 11 99225 9634

Fambras Halal
Cristina Thomaz | [email protected] | 11 99666-5932

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