A crise diplomática entre Brasil e Venezuela alcançou um novo ponto de tensão nesta quinta-feira (31), quando a Polícia Nacional da Venezuela publicou uma imagem provocativa nas redes sociais. A montagem exibia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto à bandeira do Brasil e trazia uma ameaça direta: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”.
Esse gesto ocorre após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics. Apesar do apoio da Rússia, que atualmente preside o grupo, o presidente Lula instruiu o Itamaraty a bloquear a adesão venezuelana, gerando fortes críticas do governo de Nicolás Maduro. Anteriormente, Maduro havia utilizado a mesma expressão ameaçadora em resposta ao veto: “Quem tentou calar ou vetar a Venezuela no passado se deu mal. Quem pretende vetar ou calar a Venezuela nunca conseguirá”.
A situação agravou-se quando o Brasil recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, solicitando que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela divulgasse as atas detalhadas do resultado. Durante a Cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia, Maduro reafirmou o desejo da Venezuela de integrar o bloco, declarando que o país já fazia parte da “família dos Brics”. Contudo, a entrada de novos membros exige consenso, e o Brasil manteve sua posição contrária.
Além disso, o presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, ameaçou declarar Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, como persona non grata. Maduro também acusou o Itamaraty de servir aos interesses do Departamento de Estado dos EUA, intensificando ainda mais a tensão entre os países.
A crise diplomática avançou no dia 30 de outubro, quando o governo venezuelano convocou o embaixador Manuel Vadell para consultas, um ato que sinaliza forte descontentamento e pode preceder uma ruptura oficial nas relações, caso Maduro decida retirar o embaixador do Brasil permanentemente.
Celso Amorim respondeu às críticas, defendendo que o Brasil está sendo injustamente atacado. No entanto, a crise continua a evoluir e ameaça impactar a política e economia regionais, além de comprometer o futuro das relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela.