A decadência de uma Câmara Municipal que ignora seu eleitorado
Em mais um capítulo da novela da política que não nos representa, a Câmara Municipal de Manaus aprova um projeto de lei tão polêmico quanto desrespeitoso. Proposto pelo presidente da Casa, vereador Caio André — que, ironicamente, não voltará na próxima legislatura após amargar uma não reeleição —, o texto estende benefícios do plano de saúde Geap para ex-vereadores e seus familiares. Enquanto isso, o cidadão comum continua enfrentando filas intermináveis e, muitas vezes, dormindo na calçada para conseguir atendimento médico básico.
Plano “Justo” para quem já teve o poder
O projeto garante que os ex-parlamentares possam aderir ao plano de saúde, desde que arquem integralmente com os custos, sem despesas diretas para o orçamento público. Contudo, a proposta soa como um prêmio de consolação para quem já usufruiu do poder. Ah, e os familiares deles também entram na lista, porque por que não? Atualmente, os vereadores em exercício já têm metade do plano custeado com dinheiro público, enquanto o resto é pago por eles mesmos.
Votação acirrada, mas a maioria venceu
Mesmo diante da indignação popular, a proposta foi aprovada pela maioria. Porém, nem todos abaixaram a cabeça para o benefício próprio: entre os nove vereadores que votaram contra estavam Capitão Carpê (PL), William Alemão (Cidadania), Ivo Neto (PMB) e Rodrigo Guedes (PP). Este último fez questão de lembrar o que deveria ser óbvio: “A Câmara deveria priorizar políticas públicas, não benefícios para quem já encerrou o mandato”. Palmas para ele.
Defensores do projeto: “Pobrezinhos dos ex-vereadores…”
Do outro lado, os defensores do projeto argumentaram que os ex-vereadores enfrentam dificuldades para contratar novos planos de saúde, seja pela idade avançada, seja por condições médicas preexistentes. Pobres coitados! É realmente tocante imaginar quem já teve salários polpudos e diversas regalias agora reclamando do sistema que ajudaram a negligenciar.
O povo na fila, e a Câmara no luxo
A revolta nas redes sociais foi imediata. A maioria dos cidadãos considerou o projeto um tapa na cara da população que precisa madrugar nas filas dos hospitais para garantir um atendimento especializado. Enquanto o Legislativo prioriza os próprios benefícios, o que fica para o povo? Promessas de campanha quebradas e uma sensação de abandono.
Até quando a casa “do povo” será casa “deles”?
Fica a pergunta: até quando a Câmara Municipal de Manaus continuará sendo palco de privilégios para uma elite política que parece não cansar de se beneficiar? A aprovação desse projeto é mais um sinal claro de que as prioridades não estão nas promessas feitas ao cidadão durante as campanhas, mas em garantir conforto para si mesmos. Afinal, para que se preocupar com quem os elegeu quando o importante é garantir o próprio futuro?
Votaram contra os vereadores:
Capitão Carpê (PL)
William Alemão (Cidadania)
Ivo Neto (PMB)
Jaildo Oliveira (PV)
Rodrigo Guedes (PP)
Kennedy Marques (MDB)
Lissandro Breval (PP)
Thaysa Lipp (PRD)
Yomara Lins (Podemos)