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Por Fabio Serapião, da Folhapress

BRASÍLIA – A Polícia Federal notificou o ex-ministro Anderson Torres para a devolução de R$ 87,5 mil em salários recebidos durante os mais de três meses em que ele esteve em prisão preventiva.

Torres é delegado afastado da PF e tem remuneração bruta de R$ 30 mil por mês. A corporação deu a ele o prazo de 30 dias para efetuar o pagamento.

Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres ficou preso de janeiro a maio por suposta omissão nos ataques golpistas do dia 8 daquele mês.

A defesa de Torres afirmou nesta quarta-feira (27) que irá se manifestar contra a suspensão do salário no prazo legal.

Segundo o advogado Eumar Novacki, o STF (Supremo Tribunal Federal) tem entendimento de que, “no período referente à prisão preventiva, não é permitida a suspensão ou a cobrança da remuneração recebida pelo servidor público”.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, concedeu liberdade provisória para Torres em 11 de maio. A defesa do ex-ministro insistia no pedido de liberdade sob a justificativa de piora do estado mental dele.

Apesar da soltura, Moraes determinou medidas cautelares para o ex-ministro. Ele tem que usar tornozeleira eletrônica e não pode se ausentar do Distrito Federal ou sair à noite e nos finais de semana. Ele também foi afastado do cargo na polícia.

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Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando vândalos depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília.

Na operação da qual Torres foi alvo, em janeiro, a PF encontrou na residência dele uma minuta de decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no final do ano passado. O objetivo seria reverter o resultado da eleição em que Lula (PT) saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional.

O documento de três páginas, feito em computador, foi encontrado no armário do ex-ministro durante busca e apreensão. Em depoimentos, Torres chamou a minuta golpista de descartável e “sem viabilidade jurídica”.

O ex-ministro também é suspeito de utilizar a PRF (Polícia Rodoviária Federal) em bloqueios no segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2022, para dificultar a chegada de eleitores de Lula aos locais de votação.

Em depoimento à Polícia Federal em maio, Torres negou interferência em planejamentos da PRF e afirmou que sua única preocupação à época era o combate a crimes eleitorais, independentemente do candidato ou partido.

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