SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Palco da crise yanomami, Roraima estabeleceu, em junho do ano passado, uma lei que proibiu destruir equipamentos do garimpo. A lei foi sancionada pelo governador Antonio Denarium (PP), que chegou ao governo do estado em 2018 pelo PSL, então partido de Bolsonaro, e se reelegeu ano passado para mais quatro anos de mandato.
Segundo o texto, aprovado em junho pela Assembleia Legislativa, os órgãos de fiscalização do estado também ficam proibidos de acompanhar a destruição pela União de bens particulares apreendidos em operações ambientais.
Roraima foi o estado que Bolsonaro registrou maior vantagem sobre Lula nas eleições. No segundo turno, o ex-presidente registrou 76,08% dos votos, enquanto o petista ficou com 23,92%.
O estado também é o local onde a Polícia Federal investiga possíveis de crimes ambientais e de genocídio contra a população yanomami.
O anúncio foi feito neste domingo (22) pelo ministro da Justiça Flávio Dino após o Ministério dos Povos Indígenas informar que 570 crianças yanomamis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, “devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região”.
Na última sexta-feira (20), O Ministério da Saúde também decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os yanomamis.
A região é palco de confrontos violentos e frequentes entre garimpeiros e indígenas, além de denúncias de negligência do governo do Estado e da antiga gestão Bolsonaro.
Lula viajou a Roraima no final de semana. Durante a viagem, feita para avaliar como estava a situação do estado, o presidente criticou Bolsonaro (PL) por priorizar motociatas e ter “abandonado” os yanomamis.
“É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está”, disse o presidente.
No Telegram, o ex-presidente respondeu o ataque de Lula e chamou as acusações das quais foi alvo de “farsa da esquerda”.