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O presidente Lula (PT) intensificou suas críticas a Israel nos últimos dias, após o resgate de brasileiros que estavam impedidos de sair da Faixa de Gaza e diante do agravamento da crise humanitária no conflito entre o país e o grupo terrorista Hamas.

De acordo com membros do governo, a reação do chefe do Executivo tem se intensificado à medida que a guerra persiste e diante do aumento vertiginoso no número de mortos palestinos. Reservadamente, auxiliares usam termos como “massacre” e mencionam casos de desrespeito aos direitos humanitários por parte de Israel.

Em 7 de outubro, o grupo terrorista Hamas matou pelo menos 1.200 pessoas em Israel, dando início ao novo conflito na região. A reação de Israel já resultou em mais de 11.500 mortes palestinas, segundo autoridades locais. Além disso, mais de 200 reféns foram capturados pelo Hamas durante o ataque em território israelense.

Embora Lula tenha inicialmente expressado choque e classificado os ataques do Hamas como terrorismo, ele também fez declarações críticas a Israel. Em seus comentários mais recentes, ele afirmou que Tel Aviv também está cometendo atos de terrorismo.

Avaliações internas do Palácio indicam que a principal prioridade do governo desde o início do conflito era a retirada segura dos brasileiros da região. Mais de 1.400 pessoas foram repatriadas de Israel e da Cisjordânia, mas um grupo permanecia na Faixa de Gaza, o epicentro do conflito, e estava impedido de deixar o território. Os 32 repatriados de Gaza finalmente chegaram à base aérea de Brasília na noite de segunda-feira (13), após intensas negociações com os atores regionais, principalmente Israel e Egito.

Segundo um interlocutor de Lula, agora se inicia uma nova fase para a comunidade internacional, na qual se espera um discurso diplomático mais assertivo sobre a guerra, com críticas ao que violar a questão humanitária. No entanto, há a preocupação de não ultrapassar os limites e perder a capacidade de atuar como potencial mediador.

Essa expectativa, no entanto, pode ser prejudicada pela retórica cada vez mais crítica de Lula contra Israel.

Durante sua transmissão semanal nesta terça-feira (14), Lula falou sobre a intenção de Israel de ocupar Gaza. “Estou percebendo que Israel parece que quer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é correto, não é justo. Nós temos que garantir a criação do Estado palestino para que eles possam viver em paz junto com o povo judeu”, afirmou o presidente, reiterando a posição histórica da diplomacia brasileira de defender a solução de dois Estados.

A percepção do presidente é, na verdade, um fato. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, já mencionou em mais de uma ocasião seu intuito de ocupar Gaza. Diante da repercussão negativa, chegou a recuar da afirmação, mas depois a reiterou.

Há uma avaliação de auxiliares do presidente que o seu discurso se intensificou diante de movimento semelhante da ofensiva israelense em Gaza e do aumento do número de vítimas civis.

A primeira declaração de Lula sobre o conflito foi ainda no dia 7 de outubro, após os ataques do Hamas. Ele foi às redes sociais para se dizer “chocado” e descreveu o ato como “terrorismo”, porém sem citar a facção palestina.

“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”, disse o presidente em uma rede social, em referência ao mês de outubro, em que Brasília comandou o colegiado das Nações Unidas.

Pouco mais de um mês depois, Lula disse que “se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra”.

A declaração do presidente foi dada durante a chegada dos brasileiros que estavam em Gaza, que se queixaram de massacre e pediram ajuda do presidente no resgate de seus parentes na região.

A crítica à morte das crianças no conflito tem sido a tônica dos discursos de Lula sobre a guerra.

Em 20 de outubro, na sua primeira aparição por videoconferência pós-cirurgia, o petista disse que o Hamas cometeu terrorismo, mas que Israel reagiu de “forma insana” ao bombardear desde então a Faixa de Gaza de modo contínuo.

“Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza”, afirmou Lula no vídeo, em referência ao balanço daquele dia, divulgado pelo Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

“[Crianças] Que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças”, afirmou na ocasião.

Quatro dias depois, ele voltou a mencionar a morte de inocentes em Gaza. Depois, durante café da manhã com imprensa no Palácio do Planalto, disse

(*) por Folhapress

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