O presidente da Argentina, Javier Milei, formalizou a decisão de retirar o país do grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na carta enviada aos cinco chefes de Estado do bloco, Milei destacou que a Argentina não fará mais parte do Brics, conforme a lista de países programados para ingressar em janeiro de 2024.
A entrega do documento ao governo brasileiro foi realizada pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires, seguindo o mesmo procedimento para os demais países do Brics. A Argentina estava prevista para integrar o bloco junto com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã a partir do início de 2024.
Confira na íntegra o texto do governo argentino:
“Como sabem, a marca da política externa do governo que presido há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas. Entre elas está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no Brics, conforme indicou o ex-presidente Alberto Fernández em carta datada de 4 de setembro. A este respeito, gostaria de informar que nesta fase a incorporação da República Argentina ao Brics como membro pleno a partir de 1º de janeiro de 2024 não é considerada oportuna.”
Desde a eleição de Milei em 19 de novembro, especulava-se sobre a possibilidade de a Argentina desistir de participar do Brics. O presidente argentino destaca a importância de alinhamentos estratégicos do país e expressa incompatibilidades com nações como China, Rússia e Irã, devido a suas posições políticas.
Milei, que demonstra apoio a Israel e classifica o Hamas como grupo terrorista, diverge das posições dos demais membros e futuros integrantes do Brics. Além disso, o presidente argentino recebeu Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, como convidado de honra em sua posse, buscando fortalecer laços entre a Ucrânia e países latino-americanos.
A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, redigiu uma carta diplomática a pedido de Milei, buscando uma abordagem moderada para evitar impactos nas relações bilaterais com os membros do Brics.