SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça Eleitoral garantiu neste sábado (17) o direito de resposta a Guilherme Boulos (PSOL) nas redes sociais de Pablo Marçal (PRTB), após o influenciador associá-lo, sem apresentar provas, ao consumo de drogas durante debates.
As decisões foram tomadas em dois processos distintos, e Marçal ainda pode recorrer. A primeira ação foi movida após o debate da Band, em 8 de agosto, quando Marçal insinuou que Boulos seria usuário de cocaína, utilizando palavras e gestos. Dias antes do debate, ele havia declarado que revelaria dois candidatos “cheiradores de cocaína”.
O segundo caso ocorreu durante o debate do jornal O Estado de S. Paulo, em parceria com o portal Terra e a Faap, em 14 de agosto. Marçal repetiu as provocações e chamou Boulos de “aspirador de pó”. Trechos das falas foram postados nas redes sociais do influenciador e atingiram milhões de visualizações.
Em decisões liminares anteriores, a Justiça já havia determinado que Marçal apagasse as publicações, considerando-as difamatórias e sem relevância político-eleitoral. A Justiça agora ordena que Boulos tenha o direito de publicar sua resposta em texto ou vídeo nos perfis de Marçal no Instagram, X (ex-Twitter), TikTok e YouTube por 48 horas, com o mesmo impulsionamento das postagens originais.
O juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, afirmou em sua decisão que as declarações de Marçal “extrapolam os limites da liberdade de expressão e do debate político” e configuram ofensas pessoais. Durante o debate, Marçal fez gestos simulando o uso de entorpecentes e chamou Boulos de “comedor de açúcar” e “cheirador de cocaína”.
A defesa de Marçal argumentou que suas declarações foram críticas políticas no “calor do debate” e que a expressão “aspirador de pó” foi usada em outro contexto. No entanto, o juiz considerou que as afirmações eram inverídicas e injuriosas.
O advogado Francisco Almeida Prado Filho, que representa Boulos, afirmou que “críticas políticas e discussões de propostas fazem parte do debate democrático, mas ataques infundados e ilegais serão tratados na Justiça”.