O delegado da Polícia Federal (PF) Valdecy Urquiza, de 43 anos, foi oficialmente confirmado como o novo secretário-geral da Interpol nesta terça-feira (5), durante a 92ª Assembleia-Geral da organização, realizada em Glasgow, na Escócia. Ele é o primeiro brasileiro e o primeiro representante de um país em desenvolvimento a ocupar o cargo mais alto da maior organização policial do mundo, que já conta com 101 anos de história.
A nomeação de Urquiza recebeu um apoio expressivo: dos 153 países votantes, 145 aprovaram seu nome, representando 96% dos votos. Em reconhecimento à importância dessa conquista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou Urquiza em uma publicação no X (antigo Twitter), desejando-lhe “uma excelente gestão no combate ao crime organizado”. Lula destacou que a eleição reflete “confiança no Brasil” e o respeito à Polícia Federal. “Esta é a primeira vez que um brasileiro ocupa o cargo mais alto da Interpol, o que demonstra a confiança no Brasil e o respeito à Polícia Federal”, escreveu o presidente.
Natural de São Luís, no Maranhão, Valdecy Urquiza formou-se em Direito e ingressou na Polícia Federal em 2004. Após atuar em operações de destaque, em 2007 voltou à sua cidade natal para liderar a delegacia de crimes ambientais. Foi nesse período que ele se interessou por cooperação internacional, ao investigar casos complexos envolvendo fraudes cibernéticas e lavagem de dinheiro com conexões transnacionais.
Sua trajetória na Interpol começou a ganhar destaque em 2015, quando assumiu o comando do escritório nacional da organização no Brasil, em Brasília. Em 2018, foi transferido para a sede da Interpol em Lyon, na França, onde trabalhou como diretor-adjunto para comunidades vulneráveis e combate ao crime organizado. Ao retornar ao Brasil, em 2021, foi eleito vice-presidente das Américas do Comitê-Executivo da Interpol.
Valdecy Urquiza assumirá oficialmente o cargo de secretário-geral no final desta semana, com um mandato de cinco anos, que pode ser renovado. Em entrevistas recentes, ele delineou suas prioridades, enfatizando a necessidade de um esforço global no combate ao abuso infantil online, que ele considera uma das maiores ameaças transnacionais atuais. “Um dos temas que mais têm se destacado é justamente a exploração sexual de crianças através da internet, e isso exige uma resposta global”, afirmou.
Urquiza também destacou que pretende modernizar a gestão da Interpol, trazendo sua experiência da Polícia Federal brasileira, que ele elogiou por sua alta eficiência mesmo com recursos limitados. “A Polícia Federal consegue alcançar muito com poucos recursos. É um nível de eficiência acima da média, e o comprometimento dos profissionais também é bem acima da média”, comentou.
A campanha de Urquiza para o cargo, iniciada em junho de 2022, focou na promoção da diversidade e na modernização da Interpol, bem como no fortalecimento da transparência e da integridade da organização. Ele promete reforçar o papel da Interpol na cooperação policial internacional e no combate ao crime organizado, especialmente em um mundo marcado por crescentes tensões geopolíticas.
Fundada em 1923, a Interpol facilita a cooperação entre forças policiais de 195 países para combater crimes que cruzam fronteiras, como tráfico humano, terrorismo e cibercrimes. O cargo de secretário-geral é crucial, já que lidera uma equipe de mais de mil profissionais em atividades operacionais e estratégicas.
Urquiza se mudará para Lyon, onde assumirá suas novas funções com a missão de modernizar e tornar ainda mais eficiente a maior organização policial global.
