Em julho de 2023, o Ministério das Cidades aprovou um repasse de R$ 143 milhões à prefeitura de Araraquara (SP), liderada por Edinho Silva (PT), apenas 24 horas após uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ministro Jader Filho (MDB). A agilidade na liberação dos recursos, revelada pelo Uol, levantou questionamentos sobre os critérios adotados pelo governo federal na distribuição de verbas.

Edinho Silva divulgou o episódio em suas redes sociais, expressando gratidão ao presidente Lula: “Eu estava no gabinete do presidente. Ele ligou para o ministro Jader Barbalho e falou: ‘Tá liberado os recursos para que Araraquara faça a obra que necessita, para não sofrer com enchentes’”, relatou o prefeito em um vídeo publicado na época.

O pedido de recursos foi registrado no sistema do governo federal no dia 5 de julho, um dia antes da ligação de Lula. Em 7 de julho, a área técnica do Ministério das Cidades já havia dado o “aceite” para o repasse.

O Palácio do Planalto e o Ministério das Cidades defenderam a decisão, alegando que os pedidos seguem “critérios objetivos” e que os repasses são feitos de maneira documentada. Entretanto, a rapidez e o envolvimento direto do presidente geraram suspeitas de favorecimento político, especialmente porque, entre janeiro de 2023 e julho de 2024, o governo destinou R$ 1,4 bilhão a seis municípios liderados por prefeitos do PT ou aliados, como Araraquara, Belford Roxo, Diadema e Mauá.

Reportagens do Uol e de O Antagonista indicam que esses repasses ocorreram sem o aval técnico e sem justificativas detalhadas, alimentando críticas sobre o possível uso político das verbas. Além disso, a participação de Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola, chefe do gabinete de Lula, nas negociações, reforça as suspeitas.

O caso reacende o debate sobre a necessidade de critérios claros e imparciais na alocação de recursos públicos, em um cenário marcado pela polarização política e desafios econômicos.

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