A CNN Brasil encerrou o contrato com o jornalista Felipe Moura Brasil, nesta quinta-feira (20). A emissora emitiu nota dizendo que “decidiram, em comum acordo, pelo distrato do contrato por não terem chegado a um consenso sobre a conciliação das diferentes frentes de trabalho do jornalista com as demandas da emissora”.
Apesar do comunicado ter sido emitido em nome de ambas as partes e falar em “comum acordo” e “consenso”, o jornalista usou seu Twitter, nesta quinta, para desabafar sobre a lisura e correção de seu posicionamento acerca do episódio envolvendo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Na ocasião, Felipe Moura saiu em defesa da inocência do ex-juiz, o que parece ter desagradado a empresa. O jornalista citou, no fim da publicação na rede social, que nunca deixará “a vigilância ácida por medo de retaliação”.
– Jamais fui nem serei cúmplice da prisão de alguém, só por piadas privadas, vazadas em registros de terceiros. Tive a mesma posição, em épocas distantes, com Lula (Pelotas), Hillary Clinton e Sergio Moro, entre outros – disse o jornalista na primeira parte de seu posicionamento.
Em seguida, ele continuou defendendo a inocência de Sergio Moro, sugerindo, mais uma vez, ser este o motivo do rompimento.
– Seguirei ironizando denúncias ineptas sobre isso – sem data, local, contexto – e/ou contra desafetos do sistema, ainda mais quando eu mesmo divulgar um vídeo que confirma o contexto da brincadeira (como “prisão” de festa junina) – declarou.
Na última postagem da sequência, o jornalista voltou a falar sobre a forma irônica como abordou a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao ex-ministro da Justiça. A PGR chegou a pedir a prisão do parlamentar ao STF. Felipe sinalizou que o uso de ironia no tratamento da notícia foi objeto de repreensão na emissora, e fala em “pedidos de cabeça”, reforçando a hipótese de retaliação.
– Ironizar erros e abusos de autoridades públicas é tradição na imprensa brasileira (Lima Barreto, Pasquim, Nelson Rodrigues, Paulo Francis, Diogo Mainardi, entre outros), assim como pedidos de cabeça por parte delas. Nunca deixarei a vigilância ácida por medo de retaliação – finalizou.