SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-senador de Roraima, Telmário Mota (Solidariedade), que está sob custódia devido à suspeita de envolvimento no assassinato da mãe de sua filha, é o principal responsável pelos repasses de transferências especiais, conhecidas como “emendas Pix”, em 2023. Essas emendas permitem a transferência acelerada de verbas federais para estados e municípios, sem vínculos específicos com projetos, tornando a fiscalização mais desafiadora para os órgãos de controle.
De acordo com o site Siga Brasil do Senado, as indicações de Telmário para esse tipo de emenda já totalizam R$ 27,4 milhões este ano, incluindo os valores pagos pelo governo federal e restos a pagar (despesas assumidas no ano anterior que ainda não foram quitadas).
Telmário Mota foi preso pela Polícia Militar em Nerópolis (GO) e é suspeito de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo Souza, mãe de uma de suas filhas. Seu mandato como senador terminou no final de janeiro, uma vez que não conseguiu a reeleição em 2022.
Entre as transferências especiais indicadas por Telmário, a maior delas é de R$ 20 milhões para a cidade de São Luiz (RR), que tem aproximadamente 8.000 habitantes. Curiosamente, mesmo sendo a menor cidade do estado, São Luiz lidera em termos per capita no que diz respeito a emendas Pix, de acordo com um levantamento da ONG Transparência Brasil.
Outras cidades beneficiadas por Telmário incluem Normandia, Caroebe, Iracema e Boa Vista. Na lista de repasses via “emendas Pix”, Eliziane Gama (PSD-MA) e Eliane Nogueira (PP-PI) vêm logo atrás de Telmário, com indicações de R$ 27,3 milhões e R$ 26,7 milhões, respectivamente.
A maioria dos pagamentos de Telmário ocorreu este ano, embora ele tenha acumulado pouco mais de R$ 30 milhões em “emendas Pix” desde 2020. No total, Jayme Campos (União Brasil-MT) liderou esses repasses com um total de R$ 47 milhões.
Até o momento, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já desembolsou R$ 6,47 bilhões em “emendas Pix” em 2023, de acordo com o Siga Brasil.
Antes de sua prisão, Telmário Mota era conhecido por sua defesa pró-garimpo durante seu mandato como senador.
Sua prisão está relacionada a uma denúncia de assassinato de Antônia Souza, que foi morta a tiros em Boa Vista, um ano após acusá-lo de importunação e assédio sexual contra a filha deles, durante sua campanha de reeleição ao Senado no ano passado.