O ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação de todos os atos relacionados aos processos penais em que foi réu, conduzidos pelo agora senador Sérgio Moro (União Brasil). Garcia acusa Moro de utilizá-lo para investigar membros do judiciário sem relação direta com o caso, tachando de “homofobia”. Ele mencionou a ação relacionada a um esquema de fraude do Consórcio Garibaldi, iniciada no início dos anos 2000.
No acordo de colaboração premiada de 2004, chancelado por Moro, constam 30 itens de interesse. Apenas o primeiro se refere ao Consórcio Garibaldi, enquanto os demais abordam alegadas condutas ilícitas no judiciário, envolvendo até ministros do STJ.
Segundo o Estadão, Tony Garcia fez um pedido ao STF referente ao acordo de delação conduzido por Moro, que pedia a coleta de evidências em casos suspeitos envolvendo o judiciário. Neste acordo, um dos pontos destaca que um ex-presidente do TJ-PR e um advogado teriam exigido R$ 65 mil para aceitar um recurso. Garcia deveria fornecer comprovações a Moro.
Três casos no documento envolvem ministros do STJ, incluindo supostas aquisições de liminares e a influência do ex-advogado de Garcia, Roberto Bertholdo, na indicação de um ministro. Além disso, Garcia teria sido informado por Bertholdo sobre um grampo telefônico em que Moro supostamente falava sobre a prisão do ex-deputado. No acordo, há diversas autorizações para Garcia usar escutas na coleta de provas, permitindo que ele “testemunhasse e fornecesse evidências, inclusive com escutas externas”.
Garcia gerou polêmica após confronto nas redes sociais com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), levando o caso à justiça. Em suas redes, o ex-deputado caracterizou-se como “refém” da “República de Curitiba” por quase duas décadas e acusou Moro de liderar uma espécie de “Gestapo”.
Sérgio Moro rebateu as alegações, enfatizando a condenação de Garcia e a validade dos procedimentos judiciais adotados durante a investigação.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou uma investigação sobre Moro e outros magistrados da Lava Jato. A investigação alega indícios de atuação com fins “político-partidários” durante sua magistratura.