O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta segunda-feira, 5, uma investigação sobre a Transparência Internacional, ONG sediada em Berlim, Alemanha, com representação no Brasil. A decisão do ministro foi motivada pela consideração “duvidosa” da criação de uma entidade privada para administrar recursos provenientes de multas pagas às autoridades brasileiras, notadamente relacionadas à destinação de verbas da Lava Jato para a organização.
Toffoli solicitou a colaboração do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU) para auxiliar nas investigações, destacando a necessidade de apurar possíveis apropriações indevidas de recursos públicos por parte da Transparência Internacional e de seus responsáveis, sejam eles figuras públicas ou privadas.
O despacho do juiz do STF foi emitido após a divulgação, em 30 de janeiro, de um relatório pela ONG, no qual eram feitas críticas ao presidente Lula. O documento mencionava a indicação de Cristiano Zanin, Flávio Dino e Paulo Gonet para o STF e a Procuradoria-Geral da República. Segundo a ONG, a escolha de Gonet não seguiu a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, e o governo federal negligencia o “resgate da autonomia do sistema de Justiça”.
O relatório também destacava que a nomeação de Dino trazia um “perfil político” para um tribunal já excessivamente politizado, acusando Lula e o STF de promoverem um tipo de “Judiciário de coalizão”.